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Paulo Lima

Se você é uma daquelas pessoas que pensa que saúde não tem preço, está na hora de rever os seus conceitos. A saúde e o bem estar são um dos setores que mais crescem na economia mundial. De acordo com o último relatório da International Health Racquet and Sportsclub Association (IHRSA), divulgado no final de 2009, a Indústria do bem estar no Brasil cresceu 10,5% e o país já ocupa o segundo lugar do rancking internacional no número de academias de ginástica – com 14.016 unidades – perdendo apenas para os Estados Unidos que possui 30.022. Estar de bem com a vida, manter hábitos saudáveis, praticar esportes diariamente se tornou uma obrigação nos tempos modernos. Não é à toa que o faturamento dos produtos e serviços dirigidos à boa forma física e mental já compete com o faturamento das indústrias automobilísticas, de informática e de alimentos. Confirmando a teoria do economista americano Paul Zane Pilzer, que previa que até 2010 a indústria do bem-estar, ou wellness, movimentaria cerca de US$ 1 trilhão por ano. Para o autor de “O Próximo Trilhão”, as novas gerações estão cada vez mais preocupadas com a saúde, beleza e sensação de juventude. Por isso, pretendem desenvolver uma vida saudável nos próximos 5 a 10 anos, aquecendo ainda mais esse setor.  Centros de yoga ou meditação, restaurantes vegetarianos e produtos orgânicos ganham adeptos cada vez mais jovens, que procuram uma alternativa à cultura dos fast foods, aos hábitos e modos de vida das grandes cidades.  Junta-se a isso um maior  interesse dos governos em investir na medicina preventiva como forma de economizar gastos futuros com doenças decorrentes de uma vida sedentária. Mas, seria o caso de perguntar: atrás de quê e do quê essas pessoas estão correndo? Para o sociólogo polônes Zygmunt Bauman, “pode-se conjecturar que os temores que assolam o ‘dono do corpo’ obcecado com níveis inalcansáveis de aptidão e com a saúde cada vez mais definida à imagem da aptidão provocariam moderação e austeridade. Mas essa conclusão seria errônea. Exercitar os demônios interiores requer uma atitude positiva e muito ação – e não retirada e silêncio. Como quase toda ação numa sociedade de consumidores, esta custa caro; requer diversos mecanismos e ferramentas especiais que só o mercado de consumo pode fornecer. A atitude ‘meu corpo é uma fortaleza sitiada’ não leva ao asceticismo, à abstinência ou a renúncia; significa consumir mais – porém consumir alimentos especiais, saudáveis, comprados no comércio”. Para se ter uma idéia do que isso representa, em apenas um ano – em 1987 – segundo cálculos de Barry Glassner, os norte-americanos preocupados com o controle do peso gastaram 74 bilhões de dólares em alimentos dietéticos, cinco bilhões em academias, 2,7 bilhões em vitaminas e 738 milhões em equipamentos de exercícios. Bauman explica esse fenômeno como um processo onde o indivíduo está “cronicamente” desacomodado. Ele agora é o responsável pelas suas próprias estratégias de adaptação. Ou seja, “se ficam doentes, supõe-se que foi porque não foram suficientementes decididos e fortes para seguir seus tratamentos; se ficam desempregados foi porque não aprenderam a passar por uma entrevista ou porque não se esforçaram o suficiente… Ser indivíduo significa não ter ninguém a quem culpar pela própria miséria, significa não procurar causas das próprias derrotas senão na própria indolência e preguiça, e não procurar outro remédio senão tentar com mais e mais determinação”. A maneira como se vive é a maneira que se constrói a própria identidade. E, nesse sentido, o cuidado com a saúde funda o próprio processo de indiduação. Ser saudável é ser mais apto, é ter mais aceitação. Não há como escapar: no mundo contemporâneo, em relação ao corpo, “somos os artistas da nossa própria arte”.

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