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A respiração pode ajudar a lidar com o estresse e a tensão. Veja reportagem sobre o programa da ONG Arte de Viver, que foi ao Parque do Ibirapuera ensinar técnicas de respiração, yoga e meditação.


É comum ouvir a frase que só os ignorantes são felizes. Acho estranho que se possa falar sobre o conhecimento com fonte de dor. Afinal de contas, ter acesso e poder sobre a informação deveria servir para lidar de forma mais clara e objetiva com a própria realidade. No entanto, se pensarmos em alguns gênios da humanidade pode-se perceber que a inteligência racional nem sempre está aliada à inteligência emocional. Quando vejo homens inteligentes bradando seus conhecimentos com angústia e fúria me lembro do livro Frankstein, de Mary Shelley. Influenciada pelas teorias de Jean-Jacques Rousseau sobre o “homem natural”, Mary Shelley usou as três maiores crenças de Rousseau sobre o homem natural: o homem no estado da natureza, a sociedade corrompendo esse homem e uma vez corrompido ele nunca mais pode retornar ao estado natural.
“Aprendei de mim, se não pelos meus preceitos, pelo menos, pelo meu exemplo, quão perigosa é aquisição do conhecimento (…) quando aquele que O aspira quer se tornar maior do que a sua própria natureza”. Em Frankstein, a busca da felicidade através do conhecimento causa a autodestruição quando exercida de forma ingênua. Victor Frankstein torna-se duplamente escravo da sua paixão pelo saber: primeiro por causa da sua obsessão pelo desejo de criar a vida e segundo pelo próprio monstro que ele criou.
Frankstein descreve o início da sua vida como um momento feliz com a sua família. Desde a infância ele era um apaixonado pelo conhecimento e pelas ciências naturais. Quando vai estudar numa Universidade alemã ele começa a investigar o mistério da vida, ficando indiferente a beleza do mundo e das pessoas ao seu redor. Ele começa sua pesquisa com a boa intenção de ajudar as pessoas, mas ao longo da trama esse interesse dá lugar a uma busca de poder sobre a vida e a vaidade por se tornar um deus: o criador de uma nova espécie de humanidade. O cientista se torna tão obcecado por esses objetivos, que não avalia a conseqüência desastrosa de seus atos.
No entanto, ao invés de ficar admirado com a exuberância da sua própria obra, Dr. Victor Frankestein tem uma repugnância profunda sobre o que produziu com o seu conhecimento e abandona a criatura. E por que isso, se ele conseguiu concretizar as suas idéias? Primeiro, porque não se tem o controle sobre o que se cria e segundo porque ali estava a própria vida, em seu estado bruto. Refletindo tudo o que seu criador não podia mensurar.
O monstro começa sua existência como o”homem natural” de Rousseau. Ele não é escravo de necessidades artificiais que o homem criou para si. À medida que encontra seres humanos era escorraçado e agredido, então foge para uma floresta se alimenta apenas de frutos e vegetais. Com uma família de cegos, ele aprende sobre a vida e a virtude. Afeiçoando-se a eles e ajudando-os em segredo. No entanto, quando outros membros da família chegam na casa, também expulsam o monstro, que foge para sempre dali. A criatura torna-se amargurada e solitária e procura seu criador. No entato, Victor o renega e devastado pela culpa e tristeza pretende destruir aquele humano incompleto. Independente da “moral” da história, não importa aqui fazer uma ode a ignorância ou culpar ingenuamente a ciência como fonte de todo o mal. O que se pretende é pensar como a inteligência e o conhecimento estão relacionados também ao uso prático que se faz delas. É fácil se deslumbrar com o poder e a força que estão intrínsecos nesse processo de distinção, mas sábio é aquele que desconfia de seu própria conhecimento e não se perde na relação com os outros.
Conhecer, talvez, seja mais do que simplesmente problematizar. É filtrar, analisar, construir e descontruir “verdades”. Mas é também colocar-se em foco, filtrando, analisando, construindo e desconstruindo suas próprias verdades.

Todo mundo sabe que o chocolate libera endorfina, provocando as famosas sensações de bem estar e de prazer. No entanto, segundo pequisa recente publicada na revista Archives of Internal Medicina, pessoas deprimidas consomem 55% mais chocolate do que indivíduos com o humor normal. Além disso, quanto maior a tristeza, maior a ingestão do doce.
O estudo realizado com 900 adultos mostrou que, enquanto os participantes “saudáveis” ingeriam cerca de 5,4 porções de chocolate por mês, homens e mulheres deprimidos chegavam a comer 8,4 porções mensais. À medida que os sintomas ficavam mais intensos eles chegavam a comer até 12 porções mensais !!!
Ainda não é possível saber se o consumo do chocolate funciona como uma espécie de automedicação para quem está deprimido ou se ele é a própria causa do sintoma. Mas nós brasileiros podemos dar uma pista: aqui no Brasil, o IBOPE Mídia fez uma pesquisa sobre a guloseima e descobriu que os baianos – considerada a população mais feliz do país – lideram o rancking dos chocólatras, sendo 75% da população consumidora do produtora. São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Fortaleza(CE) seguem no ranking dos chocólatras, com 72% da população consumidora. Cabe agora perguntar os baianos são felizes porque comem mais ou comem mais para ficarem felizes?

*O estudo “Mood Food: Chocolate and Depressive Symptoms in a Cross-sectional Analysis” pode ser lido por assinantes da Archives of Internal Medicine (http://archinte.ama-assn.org/)

A saúde que vale ouro

Paulo Lima

Se você é uma daquelas pessoas que pensa que saúde não tem preço, está na hora de rever os seus conceitos. A saúde e o bem estar são um dos setores que mais crescem na economia mundial. De acordo com o último relatório da International Health Racquet and Sportsclub Association (IHRSA), divulgado no final de 2009, a Indústria do bem estar no Brasil cresceu 10,5% e o país já ocupa o segundo lugar do rancking internacional no número de academias de ginástica – com 14.016 unidades – perdendo apenas para os Estados Unidos que possui 30.022. Estar de bem com a vida, manter hábitos saudáveis, praticar esportes diariamente se tornou uma obrigação nos tempos modernos. Não é à toa que o faturamento dos produtos e serviços dirigidos à boa forma física e mental já compete com o faturamento das indústrias automobilísticas, de informática e de alimentos. Confirmando a teoria do economista americano Paul Zane Pilzer, que previa que até 2010 a indústria do bem-estar, ou wellness, movimentaria cerca de US$ 1 trilhão por ano. Para o autor de “O Próximo Trilhão”, as novas gerações estão cada vez mais preocupadas com a saúde, beleza e sensação de juventude. Por isso, pretendem desenvolver uma vida saudável nos próximos 5 a 10 anos, aquecendo ainda mais esse setor.  Centros de yoga ou meditação, restaurantes vegetarianos e produtos orgânicos ganham adeptos cada vez mais jovens, que procuram uma alternativa à cultura dos fast foods, aos hábitos e modos de vida das grandes cidades.  Junta-se a isso um maior  interesse dos governos em investir na medicina preventiva como forma de economizar gastos futuros com doenças decorrentes de uma vida sedentária. Mas, seria o caso de perguntar: atrás de quê e do quê essas pessoas estão correndo? Para o sociólogo polônes Zygmunt Bauman, “pode-se conjecturar que os temores que assolam o ‘dono do corpo’ obcecado com níveis inalcansáveis de aptidão e com a saúde cada vez mais definida à imagem da aptidão provocariam moderação e austeridade. Mas essa conclusão seria errônea. Exercitar os demônios interiores requer uma atitude positiva e muito ação – e não retirada e silêncio. Como quase toda ação numa sociedade de consumidores, esta custa caro; requer diversos mecanismos e ferramentas especiais que só o mercado de consumo pode fornecer. A atitude ‘meu corpo é uma fortaleza sitiada’ não leva ao asceticismo, à abstinência ou a renúncia; significa consumir mais – porém consumir alimentos especiais, saudáveis, comprados no comércio”. Para se ter uma idéia do que isso representa, em apenas um ano – em 1987 – segundo cálculos de Barry Glassner, os norte-americanos preocupados com o controle do peso gastaram 74 bilhões de dólares em alimentos dietéticos, cinco bilhões em academias, 2,7 bilhões em vitaminas e 738 milhões em equipamentos de exercícios. Bauman explica esse fenômeno como um processo onde o indivíduo está “cronicamente” desacomodado. Ele agora é o responsável pelas suas próprias estratégias de adaptação. Ou seja, “se ficam doentes, supõe-se que foi porque não foram suficientementes decididos e fortes para seguir seus tratamentos; se ficam desempregados foi porque não aprenderam a passar por uma entrevista ou porque não se esforçaram o suficiente… Ser indivíduo significa não ter ninguém a quem culpar pela própria miséria, significa não procurar causas das próprias derrotas senão na própria indolência e preguiça, e não procurar outro remédio senão tentar com mais e mais determinação”. A maneira como se vive é a maneira que se constrói a própria identidade. E, nesse sentido, o cuidado com a saúde funda o próprio processo de indiduação. Ser saudável é ser mais apto, é ter mais aceitação. Não há como escapar: no mundo contemporâneo, em relação ao corpo, “somos os artistas da nossa própria arte”.

Don’t worry be happy

http://www.dailymotion.com/video/x1xuvd_bobby-mcferrin-don-t-worry-be-happy_music

Cultivar-se

EliseuVisconti

Uma amiga me falou sobre o ato de “cultivar-se”. Fiquei com isso na cabeça e fui procurar auxílio no Aurélio. Cultivar no dicionário seria: “Fertilizar (a terra) pelo trabalho; 2.Dar condições para o nascimento e desenvolvimento de (planta). 3.Fig. Procurar formar; desenvolver: cultivar o gosto pelas letras. 4.Aplicar-se ou dedicar-se a: cultivar as artes. 5.Procurar manter ou conservar: 6.Formar, educar ou desenvolver pelo estudo, pelo exercício. Em todas as definições, um denominador comum para as ações: o “eu” sujeito” que produz ou cria as condições para que algo se desenvolva. Alguém que oferece os meios para o desabrochar de si e dos demais: se cuidando, se acarinhando, crescendo e gerando uma nova realidade. Sinto que de alguma forma tenho feito isso, apesar de me sentir incapaz de prever que tipo de fruto vai sair daí… O fato é que nenhuma mudança é previsível, mas é estranho não saber que rumo posso dar a partir das minhas próprias escolhas. Já superei a dificuldade para lidar com as coisas práticas do dia-a-dia. Mas ainda é mais fácil me refugiar num mundo mais abstrato de idealizações e de subjetivações. No entanto, o que fazer com isso é uma questão. Num mundo de respostas rápidas e demandas objetivas, a demora por realizações concretas pode ser fatal. Não há tempo de madurar as idéias ou hesitar nas escolhas. Mas, cultivar-se pode signivar também resistir. E para mim, resta seguir e fazer desse cultivo o meu único objetivo imediato.

Sou gorda. Tenho acne.  Não tenho namorado. Nem religião. Tampouco acredito em gnomos ou em livros de auto-ajuda. Mas, apesar de todos os pesares, posso dizer que sou uma pessoa feliz. Às vezes, insuportavelmente feliz… Meu melhor amigo diz que sou geneticamente feliz !  Mas, independente da razão, o que me interessa é saber como estar bem com o que se tem (ou não tem)… Tenho amigas que dizem que se amam, mas não conseguem ficar sozinhas. Outras que mesmo sozinhas não suportam a própria companhia.  Por isso, decidi investigar o que faz uma pessoa se sentir integrada, com a auto-estima elevada em meio a tantas exigências e padronizações.  Atualmente trabalho numa empresa de cosméticos e estou mergulhada nos temas sobre  “mulher bonita de verdade” ou uma “beleza real”, o que me leva ao desafio de pensar sobre essas questões. Abro espaço para filósofos, psicólogos, nutricionistas, antropólogos, comunicadores, donas de casa, maquiadores e diferentes pessoas para darem sua opinião. Não pretendo dar respostas, mas apenas abrir espaço para a discussão, a troca de experiências e de vivências… Que esse seja um espaço para se pensar em como  “ser feliz de uma forma realista” .  Onde através de dicas de alimentação, de técnicas de meditação, de troca de músicas, vídeos, conversas com especialistas, diversos pontos de vista e interações múltiplas possamos construir o nosso próprio “Manual da Felicidade”. Topam o desafio?